sábado, 26 de janeiro de 2013

Como Sou Bom!












Lendo hoje Razão e Sensibilidade, de Jane Austen, lembrei-me daquela passagem de provérbios que diz que as misericórdias dos ímpios são crueis.* Está bem, não somos ímpios, pelo penos de forma declarada... mas, vejamos...

Somos constrangidos a uma boa ação, podemos fazer mais, porém encontramos justificativas para não a fazermos na íntegra...e ficamos tranquilizados com isso. De fato, somos seres egoístas, mesquinhos, gananciosos e presunçosos. Gabamo-nos de nossas realizações, mas, se as pudéssemos pesar numa balança, ficaríamos frustrados ao perceber que o ponteiro nem sairia do lugar.**

Justificamos nossas omissões, intolerâncias e avarezas. Somos possuídos por nós mesmos, pois acaba sendo tudo o que importa. Fazemos aquele chá para nosso companheiro somente depois de horas tentado dormir ao barulho de suas tosses. Caridades são puro desejo de holofotes. Fazemos certas 'bondades' pensando no bem que elas nos trarão.

No romance, a mulher do sr. Dashwood , o prometido bem-feitor da família, é descrita como a perfeita caricatura de si mesma. Ela o convence a fazer menos do que poderia ser feito, alegando que boa parte dessa fortuna seria tirada do filho. No lugar da anuidade que pagaria aos seus entes, o sr. Dashwood decide que ocasionais doações seriam feitas, em comida ou em bens. Ele sente-se perfeitamente confortável com os argumentos da esposa. A promessa feita ao seu pai no leito de morte,  de que traria conforto à sua madrasta e meio-irmãs,  vai lentamente perdendo toda a sua expressão.

Quantos problemas não seriam de fato resolvidos? Quantas privações não precisariam ser provadas? Quanta dor não precisaria ser sentida? Mas graças a Deus que, em meio a tantas dificuldades e provações, Ele traz também a provisão, o livramento e a capacidade de se andar com os próprios pés. Minha oração nesse dia é para que Deus nos cure de nós mesmos, fazendo brotar em nosso interior a fonte da água que salta para a vida eterna.***

Que tal fonte se expresse em amor verdadeiro, bondade sem interesses, caridades sem pretenções, misericóridias sem ameaças e dádivas sem julgamentos.

Rosana Bulgakov

 *Pv. 12:10
 ** Is. 64:6
 ***Jo. 4:14

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