quinta-feira, 17 de junho de 2010

Profeta do Senhor


Quando o profeta falar em nome do SENHOR, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele.” Deut. 18.22

Ainda há muita gente enganada por doutrinas remanescentes da teologia da prosperidade.
Frases como “Determine a benção, meu irmão!”; “Decrete a vitória!”; “se a palavra não surtir efeito sobre a tua vida é porque você não creu” e etc ainda são muito ouvidas no meio evangélico.

Há pouco tempo presenciei algo semelhante. Um profeta trouxe uma palavra e, logo após, disse: “Mas você tem que crer. Faça um jejum de uns sete dias...”
Para mim, isso não passa de uma forma esperta do profeta se eximir da responsabilidade de profeta. Se a tal palavra não se cumprir, não seria por ele ter profetizado uma palavra que não era de Deus, mas porque o ouvinte não creu. Tenha a santa paciência...

Nessa brincadeira muita gente é prejudicada...

Quantos não entram em profunda depressão por não conseguirem curas com o “poder da palavra”, e o pior, escondem de todos a depressão por temerem julgamentos, tais como: “ele tá nessa porque não creu”, “crente não pode ficar com depressão”, “há algo errado com ele”... sem falar nessa outra parcela dos que se tornam juízes do próximo.

Muitos ainda, embora percebam que exista algo de errado com essa teologia, temem questionar os porta-vozes de tal heresia. Passam anos pensando que o problema é pessoal. Não conseguem libertar suas mentes desse mal que os assola.
Outros rejeitam tratamentos médicos, e até mesmo psiquiátricos que lhes fariam muito bem, por terem sido convencidos que apenas o pensamento positivo e a aplicação de versículos bíblicos como liberação de palavras mágicas lhes trarão curas miraculosas.
O maior engano de quem assim crê, é desacreditar que doenças, lutas financeiras, familiares e outras batalhas podem sim ser manifestação da Graça de Deus. Esta está presente em qualquer situação da vida.

Gosto de um texto do Caio em que ele diz que existem situações que acreditamos serem nossas maiores bênçãos e que acabam se tornando nosso maior mal, ao passo que existem outras que, a princípio, parecem ser nosso maior mal e que se transformam em nosso maior bem. Há ainda aquelas que somente na eternidade nos serão reveladas...
Aplicar a nossa vida princípios fixos, leis fixas, pode ser muito perigoso.

Muitos, de tanto serem nocauteados pela vida e por sua não correspondência às tantas determinações, declarações e sacrifícios barganhantes, mergulham de vez numa vida sem Deus, já que colocam todo esse lixo num mesmo pacote.

É preciso separar as coisas. O Evangelho diz claramente que no mundo teríamos aflições, mas que não devíamos perder o ânimo.

O apóstolo Paulo nos dá um exemplo de fé, e não é essa fé que as igrejas ensinam. Ele diz que aprendeu tanto a ser honrado quanto a ser humilhado, tanto a padecer necessidade quanto a ter fartura. Essa fé é crer que em toda e qualquer situação Deus não nos abandonou e que, se prestarmos um pouco mais de atenção, a Sua Graça tem nos reservado um presente especial. Não é à toa que Paulo nos diz para darmos graças em tudo, pois esta é a vontade de Deus nosso Pai.

É nesse descanso que o Evangelho me propõe andar, crendo na soberania de Deus.

Rosana K. Bulgakov

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