quarta-feira, 31 de março de 2010

Jacarandá


 

_ Jacarandá!
_Dá!
_ O que eu mandar?
_ Faremos!
_ E se não fizer?
_Apanharemos!
_ Então eu quero que vocês...


Essa era uma das minhas brincadeiras da infância.
O que me fez recordá-la, incrivelmente, foi o sistema religioso no qual muitos estão envolvidos.
Aprendemos, desde cedo, que Deus exige uma série de coisas dificílimas de serem cumpridas pelo homem. Também exige a abstinência de prazeres considerados mundanos, como ir a um clube, praia, jogar futebol, etc. Se bem que, estas últimas, sofreram uma certa atualização...
Aprendemos que o domingo, ou o sábado, para alguns, é do Senhor. E que neste dia não podemos fazer nada além de dedicarmos tempo para Deus, e isto se traduz em estar na escola dominical e no culto à noite. Quantos bons e produtivos momentos em família e entre amigos perdemos por conta dessa obrigação...
Infelizmente o termômetro de espiritualidade para muitos está evidenciado no número de vezes que vão à igreja. Se por alguma eventualidade não se vai à igreja, a pessoa se sente fraca espiritualmente.
Aprendemos que Jesus morreu na cruz para nos salvar, mas para que continuemos salvos, devemos ressuscitar uma série de obras mortas da velha aliança, e pô-las em prática.
Nunca aprendemos que a aliança do Sinai, a velha aliança, fora feita exclusivamente com o povo Israel. Uma aliança de condenação e que só reafirmava o pecado, mostrando ao homem sua incapacidade de auto-justiça.
Raramente se fala da nova aliança, aquela feita com sangue pelo próprio Senhor, feita com toda a humanidade, e o que ela significa.
O livro de Gálatas, se não ignorado, é lido particionadamente e sem uma compreensão global do que ele nos apresenta: A diferença entre a Lei e a Graça.
Hebreus, então, nem se fala... a linguagem parece difícil de ser compreendida, melhor não ler...

Assim como Abraão, os líderes religiosos acham penoso terem que lançar fora a escrava e seu filho, afinal, há muito o que se perder... 

Manter o povo debaixo de jugo, "servindo" a Deus por medo ou em troca de bençãos parece ser uma forma conveniente de manutenção da "casa do tesouro"... o que não nos é dito é que esse termo era usado para o templo-estado de Israel e que sua função era o sustento da viúva, do órfão, do estrangeiro e do sacerdote levita... 

Paulo faz uma analogia entre Agar (a escrava de Abraão) e Sinai, o monte onde a aliança da lei fora feita.
Ele nos diz para lançarmos fora os rudimentos fracos e pobres da antiga aliança, pois jamais o filho da escrava herdará com o filho da livre.
Mas muitos ainda não conseguem entender que ¹somos filhos da livre, ou seja, Sara, representada pelo monte Sião, da qual Deus suscitou descendência a Abraão, no qual são benditos todos os povos da terra.
Continuamos a brincar de Jacarandá...
Somos crianças de entendimento. Trazemos o legado dos nossos pais, que nos colocavam na linha por intermédio do castigo, da surra. Algo necessário até que tivéssemos alcançado a maturidade.
E esta era a situação do povo Israel: Até que se revelasse o descendente prometido de Deus, Jesus, este povo seria relativamente preservado pelas obras da lei, pois ainda não estavam maduros espiritualmente.
Não há, porém, nenhuma justificativa para que nos coloquemos debaixo de jugo, principalmente do jugo alheio.

Deus, em Cristo, pagou o preço que não conseguiríamos pagar, perdoou todos os nossos pecados. A sua lei, a lei do amor, é-nos impressa diariamente nos nossos corações. É dele que vem o nosso fruto, não de nós mesmos, para que ninguém se glorie.

A gratidão que nos enche o coração pelo que Ele fez por nós é o nosso verdadeiro culto...

Levantar, andar, trabalhar a cada dia, lidar com as pessoas, tudo isso mostra o quanto sou dependente da Sua Graça, pois de mim mesma nada posso. Louvo ao Senhor por ter me aceito do jeito que sou, pois jamais conseguiria alcançar a perfeição. E é nessa certeza que continuo caminhando, pois ² Deus é quem opera em mim tanto o querer quanto o realizar...

Rosana K.Bulgakov

1. Gálatas 4:30,31
2. Filipenses 2:13

domingo, 28 de março de 2010

Amor Incondicional




É maravilhoso saber que Deus me recebe e me aceita do jeito que sou.
É maravilhoso compreender que Deus estava em Cristo me reconciliando consigo mesmo...
Mas esse fato nem sempre é proclamado devidamente pelos “atalaias oficiais”...
Aliás, a imposição de regras, leis e disciplinas é muito mais apregoada que a Graça do Senhor.
São milhares levando um fardo imenso em suas costas. Milhares que, desde a infância, aprendem que a benção de Deus é algo frágil e que depende de nós... se não andarmos na linha a perderemos.
Milhões de miseráveis de alma que vão adoecendo dentro da religião, esta que supostamente detém o poder de nos conduzir a Deus... e são levados para longe dEle, posto que Ele seja amor, mas o que lhes é apresentado não passa de um Deus caprichoso e cruel, interessado no seu ganho e em que você se torne uma múmia ambulante.
Ah... mas quando você conhece a Jesus... não este Jesus das igrejas, mas este que o Evangelho nos apresenta. Este Jesus que disse à mulher adúltera: “nem eu te condeno”, que disse aos religiosos: “vocês negam o mais importante da lei: a misericórdia, a justiça e a fé”, que disse a Lázaro: “Vem para fora!”, que não deixou que os discípulos afastassem dele as criancinhas, mas , pelo contrário, as abençoou. 
Sim! Este Jesus que entregou a própria vida por cada um de nós! Este Jesus que não fez acepção de pessoas, e que comeu em casa de publicanos e pecadores, sendo chamado de amigo deles e comilão e beberrão de vinho.
Sim! Este Jesus que vê oportunidade de revelar o seu amor mesmo na hora de pedir um pouco de água, como fez à mulher Samaritana.
Ele não estipula horário e nem condições para nos amar.
Sua Graça (favor imerecido) é nos dada gratuitamente.
Sua benção permanece em nós, ainda que sejamos fracos e falhos, posto que ainda estejamos num corpo não glorificado. Mesmo assim, ele nos acolhe e nos fez a todos filhos de Deus, basta apenas crer. O que passar disso não é Evangelho e o apóstolo Paulo nós dá a liberdade de chamar anátema.
Rosana K.Bulgakov

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