quarta-feira, 26 de maio de 2010

Água e Sabão


Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?
Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
Isaías 58.6,7



Recentemente, numa palestra da Secretaria de Saúde, um doutor estava falando da importância de se lavar as mãos corretamente.
Alguém no auditório perguntou sobre o uso do álcool gel, se este era mesmo eficaz.
O médico respondeu que este deveria ser usado apenas na falta da água e do sabão, quando o ambiente onde estamos não puder nos oferecer o que de fato leva a sujeira embora. O álcool gel funciona como uma luva sob a qual ainda estão aninhados microorganismos e bactérias diversas.

Lembrei-me de que Jesus havia chamado os fariseus e escribas de ¹sepulcros caiados sob os quais estavam ossos de mortos e toda imundícia, embora exteriormente parecessem formosos.

É algo mesmo a se pensar... Quantos não levam uma vida de aparente beleza, uma freqüência considerável na “igreja”, um vestir-se de maneira tal a dizer: ‘ é assim que um crente deve andar’; um modo de falar que impressiona, uma atividade sem fim na instituição, sinais e maravilhas, porém... interiormente devorado pelo verme da culpa, do ² estender do dedo e falar vaidade, da obsessão do fazer em detrimento do ser, da obstinação em parecer frutífero sem a compreensão que o fruto vem da videira...

O pior de tudo isso é quando a pessoa ainda consegue contaminar quem está a sua volta. É o tal fermento dos fariseus... uma praga.

Jesus nos ensina a ficar longe do ³fermento dos fariseus.
Sinais e maravilhas não são provas de que Deus aprova os atos de um homem. Se assim fosse, a resposta de Jesus a quem lhe declara que em Seu nome foram expulsos demônios e muitas maravilhas foram feitas não haveria de ser: Apartai-vos de mim, vós os que praticais iniqüidades (Mateus 7.22)

É triste saber que o que comumente é chamado igreja, não passa de instituição empresarial onde apenas o lucro é visado. Daí o negar a suficiência do sacrifício de Jesus e atolar o rebanho em afazeres sem fim, principalmente aqueles que trarão algum retorno financeiro.

Gostaria de saber de alguma instituição que tenha conduzido o rebanho a jejuar da maneira que é ensinada em Isaías 58.
Aqui, antes de qualquer abstinência de alimentos, é ensinada a prática das boas obras: libertar o oprimido, cobrir o nu, repartir o pão e não se fazer de cego ante a necessidade do próximo. Este é o verdadeiro jejum. Esta é a verdadeira religião.

No entanto, o que vemos é justamente o denunciado no versículo 3 de Isaías 58: Eis que no dia em que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis todo o vosso trabalho. É a tal luva que oculta as verdadeiras intenções do coração humano: a satisfação do ego.

É preciso uma boa lavagem da água e do Espírito. Chega de ornamentar o exterior para ser visto pelos homens.
É preciso urgentemente deixar as práticas que apenas camuflam o que está no interior de cada um.
É preciso saber que seguir a Jesus é tudo. Como fazer isso? Basta conhecê-lo pelos Evangelhos.

Ele não escondeu-se de quem por Ele clamou.
Repartiu o pão.
Curou quando apenas creram, sem exigir sacrifícios ou pagamentos.
Deixou que fossem pra casa aqueles que libertou e não exigiu que o seguissem nem que permanecessem no templo.
Não julgou os que sofriam algum mal ou enfermidade.

É este Jesus que nos lava verdadeiramente.


1. Mateus 23.27
2. Isaías 58.9
3. Mateus 16.6

Rosana K. Bulgakov

2 comentários:

  1. Graça e paz Rosana,

    Seu post nso inspira e refletir diantes de muitas sujeiras que estamos vendo a cada dia e para tristesa nossa dentro do seio cristão não é dificil de vermos também... mas como disse Jesus que os lobos existiram e que a nós compete salgar ser luz este mundo frio e tenebroso,

    Em Cristo,

    Jacson

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  2. Mana Rosana, seu texto é fantástico, verdadeiro, inspirador, Evangelho pulsante e vivo. Obrigado por compartilhar desta graça que há em ti.

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