quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aslam e Tash



“Esta é certamente a hora da minha morte, pois o Leão (que é digno de toda a honra) bem saberá que, durante toda a minha vida, tenho servido a Tash e não a ele. No entanto, melhor é ver o Leão e depois morrer do que ser Tisroc do mundo inteiro e viver sem nunca havê-lo encontrado.” Porém, o glorioso ser inclinou a cabeça dourada e me tocou a testa com a língua, dizendo: “Filho, sê bem-vindo!” Mas eu repliquei: “Ai de mim, Senhor! Não sou filho teu, mas, sim, um servo de Tash!” “Criança”, continuou ele, “todo o serviço que tens prestado a Tash, eu o considero como serviço prestado a mim.” Então, tão grande era o meu anseio por sabedoria e conhecimento, que venci o temor e resolvi indagar o glorioso ser: “Senhor, é verdade, então, como disse o macaco, que tu e Tash sois um só?” O Leão deu um rugido tão forte que a terra tremeu (sua ira, porém, não era contra mim), dizendo: “É mentira! Não porque ele e eu sejamos um, mas por sermos o oposto um do outro é que tomo para mim os serviços que tens prestado a ele. Pois eu e ele somos tão diferentes, que nenhum serviço que seja vil pode ser prestado a mim, e nada que não seja vil pode ser feito para ele. Portanto, se qualquer homem jurar em nome de Tash e guardar o juramento por amor a sua palavra, na verdade jurou em meu nome, mesmo sem saber, e eu é que o recompensarei. E se algum homem cometer alguma crueldade em meu nome, então, embora tenha pronunciado o nome de Aslam, é a Tash que está servindo, e é Tash quem aceita suas obras. Compreendes isto, filho meu?” Eu respondi: “Senhor, tu sabes o quanto eu compreendo.” E, constrangido pela verdade, acrescentei: “Mesmo assim, tenho aspirado por Tash todos os dias da minha vida.” “Amado”, falou o glorioso ser, “não fora o teu anseio por mim, não terias aspirado tão intensamente, nem por tanto tempo. Pois todos encontram o que realmente procuram.”


C.S. Lewis
As Crônicas de Narnia , Vol. VII
A Grande Batalha

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