domingo, 13 de dezembro de 2020

SAL E LUZ


Onde morei há alguns anos conheci alguém assim...

Nossa amizade começou com pequenos gestos que ultrapassaram a educação do elevador.

Não recordo qual foi a sua primeira ação, pois foram tantas que minha mente simplesmente não consegue enumerar e organizar. 

Dar uma carona num dia chuvoso, abrir um portão, trazer de volta um gato que escapou sem notarmos foram as que iniciaram a nossa amizade.

Estava passando por um momento difícil, uma mudança recente e consequente endividamento. Até meus bichanos às vezes sentiam nossas privações. 

Bati em sua porta certa vez pra saber se ela tinha um punhado de ração, pois sabia que ela também possuia gatos. Não preciso dizer qual foi o resultado dessa minha visita... mas seu gesto de bondade repetiu-se várias vezes.

Após certo tempo de amizade consolidada, batendo papo, ela me contou sobre um resgate que havia feito há cerca de um ano antes na frente do prédio onde morávamos. Uma cadela que, durante uma noite de chuva fina, não se aguentava sobre as patas. Qual não foi minha surpresa ao recordar dessa noite! Pois eu mesma havia visto esse serzinho da minha sacada e, sem condições de fazer esse resgate, havia pedido a Deus que movesse alguém para resgatar esse animal... a Mércia foi a resposta da minha prece! E lá estava eu a ouvindo  narrar a história!

Conheci, algum tempo depois, a Corrente do Bem de Brasília, que atende pessoas em situação de escassez  e quis colaborar com o projeto. À época comecei a recolher doações para composição de cestas básicas. Por vários meses a Mércia passou a deixar uma caixa cheia de mantimentos na minha porta para ajudar.

Até que ela "adotou" uma senhorinha com câncer que atendíamos no projeto. Passou a ajudá-la desde as locomoções para o hospital, compra de medicamentos, até o sustento dos seus cachorros, suas únicas companhias...

Enfim, se eu não conhecesse Aquele para Quem fazemos o que fazemos, com certeza quereria conhecê-Lo por causa da Mércia.

Que nossa generosidade, gentileza e amor ultrapasse o grupo religioso e as paredes do templo.

Rosana K. Bulghakau

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